PRESIDENTE DUTRA, ISTO, AQUILO O OUTRO
COSTUMES DA DUTRA DE ANTIGAMENTE
Só morria com vela na mão
Um dos costumes do nosso povo era
assistir o enfermo até a hora da sua morte e não podia descuidar da vela. Acho
que algumas pessoas foram até incitadas e ajudadas a morrer, pois quando o
doente estava ruim, a vela já ficava em sua mão de forma permanente e quando lá
na Dutra se queria dizer que fulano estava em estado grave de saúde, era só
dizer: “Está só arquejando com a vela na mão”, como já faz um bom tempo que não
visitei a minha terra, gostaria de saber dos meus poucos mas seletos leitores,
dentre eles Ademhar Moitinho, Raimundo Rios. Dora Machado, Allan e Raffa Alecrim
se aí ainda se morre de vela na mão.
Levar as pessoas para fazerem refeições
Outro costume que demonstrava a bondade e hospitalidade do nosso
povo ocorria principalmente nos dias de domingo, que eram os dias da feira
livre da Dutra. Nossos conterrâneos se encontravam com amigos e conhecidos da
zona rural e até de outras comunas e os convidavam para virem às suas casas,
onde as visitas comiam até se fartar, o prato sempre servido era feijão, arroz
e uma boa carne de bode, sendo que o convidado era bem tratado e só saia dali
após tomar um gostoso café. Será que esse costume permanece, ou a modernidade
também o varreu.
Uso do carote
Também vi uns restaurantes lindos
na Feira de São Cristovão no Rio de Janeiro, cuja decoração era com cangalhas,
réplicas perfeitas de jumentos, muitas celas e algumas ancoretas, achei-os
simplesmente belos, pois gosto muito de artesanato e peças antigas, tenho
algumas.
Uso da bruaca
Bruaca é um equipamento ou
acessório muito utilizada no sertão da Bahia para condução de cereais, a
exemplo de farinha de mandioca, feijão, arroz e todo tipo de grãos e
mercadorias.
A bruaca é feita de couro de boi
seco, sem curtir e artesanalmente, é um objeto lindo e pretendo trazer uma da
Dutra para decoração, creio que ainda existam bruaqueiros por lá e o melhor
artífice de bruaca foi o meu Tio Zuzinha Mendes, era um artesão de mão cheia no
fabrico da bruaca, as quais erams transportadas nos lombos de animais.
Uso da Cabaça

Amarrava-se uma corda no pescoço
da cabaça e dependurava-a no cabo da própria enxada que era levada pelo
trabalhador no ombro e colocada debaixo de uma sombra, a água ficava friinha e
descia muito bem. Quem não tinha sua cabaça passava muita sede e ficava pedindo
a água dos outros que davam, mas davam reclamando.
Uso do Urinol
O
urinol é uma vaso de louça, de ferro e de plástico , que serve para deposição
de urina ou fezes; também é chamado de bispote.
Chul e penico e era muito utilizado na Dutra daqueles tempos. Um dos acessórios de toda casa era um bom e bonito urinol branco de louça e no seu exterior havia uma asa para se segurar. Seu local era debaixo das camas e muita gente aí mijou e cagou dentro do quarto e dentro do pinico que após a satisfação das necessidades, era recolocado debaixo da cama e só ao amanhecer, a esposa o pegava e atirava o mijo ou as bostas no fundo do quintal.
Chul e penico e era muito utilizado na Dutra daqueles tempos. Um dos acessórios de toda casa era um bom e bonito urinol branco de louça e no seu exterior havia uma asa para se segurar. Seu local era debaixo das camas e muita gente aí mijou e cagou dentro do quarto e dentro do pinico que após a satisfação das necessidades, era recolocado debaixo da cama e só ao amanhecer, a esposa o pegava e atirava o mijo ou as bostas no fundo do quintal.
Era
um tempo que não existiam banheiros na cidade, tudo era feito a céu aberto,
dentro dos matos, os mais velhos dizem que uma cagada a céu aberto e debaixo de
uma sombra, é um dos atos mais deliciosos da vida.
Eu
tenho certeza que na casa da avó de Moitinho tinha um urinol, comprado no
Armazém Paraíba de Irecê e na casa de Raimundo tinha também, este cheguei a
ver, era um brancão que Emídão adorava exibir.
Piquenique

Recordo-me com muitas saudades de
um organizado pelo Professor Hoel Carneiro (um dos melhores mestres de todos os
tempos). Fomos para Água Quente, levei pão e uma farofa de ovos e uns pedaços
de galinha. Fomos no Chevrolet velho do finado Lázaro, um dos homens que mais
gostava na minha terra, porque ele amava as crianças e me chamava de Vôvo, pois
segundo ele, eu tinha a aparência do meu bisavô Berto.
Tudo foi muito bom, algumas
meninas ousaram usar biquínis e a maioria tomou banho de short e blusa mesmo,
porém, no retorno perdi um pé do meu kichut, o que muito me entristeceu, pois
ele foi o primeiro sapato que calcei e foi comprado pelo meu pai no meio da
feira da Dutra numa promoção, pois um dos sapatos kichuts tinha um rasgão e o
pior, o que perdi foi exatamente o bom. É que a carroceria do Chevrolet velho
de Lázaro tava muito esburacada, muitas tábuas quebradas e o meu kichut foi por
um daqueles enormes buracos. Mas foi bom.
MEUAS ABRAÇOS DE HOJE VÃO PARA:
Raimundo Rios, Tixa, Nias, Raulão
de Gaspar, Cuscuz, Gi e Zé Velho, Chico Gago, Neuraci de Antonio Pequeno, minhas
primas Nilzete e Maria, Raul, João e Osmar da minha Tia Ana (em memória),
Pedrinho e Joãozinho da minha prima Helena, Asdir Porto, DRs, Ivan Machado e
Aderlan Carvalho, Ratinho, Osnivan, Elivaldo (gente fina e estudioso), Soló,
Simeão, Bezinha de Soló, Nuze e Célia de Quilôr, Sebastião do Velho Alfredo e
Glorona sua esposa, Jason de João Miranda, Pedrão de Chicão, Ferreti, Rita de
Brasiliça (minha colega de turma no Antonio Carlos Magalhães), Maria Núcia
sempre bela, elegante e muito legal, Moitinho (o equilibrista de bicicleta,
andava de costas na sua bike), Pedro Oliveira, Tanda, Ivonete Oliveira, Flávio,
Caiano e Maria Amélia, Netão de Adonias, amigo inseparável do meu primo Odair
de Cassimira, Helenívio, Rosalia, João e Raulão de Cassimiro, Vilma de João de
Venera, Zoroélio, Lourdes e Virgínia de Zé Grande, Evilázio, Zé e Wilson de Tiotista, Lelé (em memória), Compadre
Leandro de Mané dos Santos, Domingão e Cira, enfim para todo esse povo bom e
humilde do meu laborioso torrão querido, Para Neuzangela e Ingrid de Campo
Formoso (Campo Formoso próximo de Bonfim) Alan e Júnior Dourados, advogados em
Salvador (ex-alunos meus na Estadual da Paraíba), Dr. Perilo Lucena, magistrado
exemplo e que tem me ensinado muito, Para Bega, Monaldo Godoy e Tenente Robson.