sexta-feira, 19 de dezembro de 2014

PRESIDENTE DUTRA, ISTO, AQUILO O OUTRO
Os bêbados inofensivos da Dutra

Xéba de Ibipeba
Xéba era um negro inofensivo, morava na Rua da Remela (07 de Setembro) e era viciado na aguardente, só vivia bêbado como se diz lá na Dutra e várias vezes levou pisas homéricas de pessoas inescrupulosas que se chateavam com a chateação própria de um bêbado. Xéba às vezes falava palavrões e esculhambava com quem cruzasse na sua frente e as pessoas ainda carente de inclusão no processo civilizatório, espancavam o XÉBA sem entender que ele era um doente e precisava mesmo era de tratamento, registrando que XÉBA nunca ofendeu nenhum Presidentino e era originário da Zona Rural de Ibipeba.
Adão de Nezinho dos Bernaldo

ADÃO DE NEZINHO DOS BERNALDO era um jovem sadio e muito alto e também muito magro. Era tímido, passava sem falar com as pessoas, sempre com os olhos voltados para o chão. Descia do Povoado dos Bernaldo elegante, calça e sapato social, camisa de manga comprida e vinha sempre para a feira livre da Dutra e após dar um giro pela feira, ia se esgueirando timidamente para o interior do Bar de Daniel de Milingido irmão de Chute de onde só saia inteiramente embriagado e aí toda a timidez, todos os freios e contrapesos morais eram atirados ás favas.
ADÃO DE NEZINHO DOS BERNALDO saia cuspindo todo mundo e numa marcha trôpega que só Deus mesmo para explicar como aquele cristão se mantinha em pé. Ele se entortava todo para trás, parava e prosseguia essa marcha sofrida até os Bernaldo, e o melhor, quando parava todo torto para trás, destilava um vocabulário de palavrões que as mulheres e meninos tinham que correr e se recolher em suas casas. Depois de passada a cachaça, ADÃO DE NEZINHO DOS BERNALDO voltava à sua timidez quase depressiva e passava algumas feiras sem vir à Dutra, sua ressaca moral às vezes durava meses até se arriscar novamente a vir à cidade e novamente repetir o tétrico e deprimente ritual.
BERTO BOGÓ

BERTO BOGÓ é filho do finado BERNALDO o homem que deu o nome ao povoado. BERNALDO possivelmente seja originário da região do Xique-Xique e ali chegou quase sem ser percebido, de forma que defendo que aquele local seja um resquício de quilombola, onde seus habitantes possuem o direito às terras, necessitando apenas de alguém se interessar para resgatar a dívida com aquele povo sofrido. Aqui na Paraíba, enquanto Conselheiro Estadual dos Direitos Humanos, nos envolvemos nessa luta.
Berto Bogó é um típico negro norte-americano, andava na moda (dentro das suas posses), sempre de camisa de algodão de cor branca e usava até um cavanhaque, algo muito avançado para a época. Mas BERTO BOGÓ era alcoólatra e bebia até encher a lata como se diz lá na Dutra e era valente, mas só mexia em quem se metesse com ele. Certa vez Gerson Bodoró provou dos punhos de ferro de BERTO BOGÓ e levou uma pisa inesquecível. BERTO BOGÓ era respeitado, os branquelos da Dutra tinham medo dele. Lendo o livro “A Cor Púrpura” me lembrei muito de Berto Bogó e de toda a comunidade dos Bernaldo.
TORQUATO – O RADIETESISTA

TORQUETO morava no Povoado de nome Brasil e era uma figura admirada e temida pelos seus conhecimentos sobrenaturais. Ele sabia demarcar com precisão um local no terreno onde havia água e o contratante pudesse cavar a sua cacimba ou o seu poço amazonas.
TORQUATO se utilizava apenas de uma forquilha e saía mato a dentro, dentro da propriedade onde o proprietário pretendia abrir uma cacimba ou um poço. Ele segurava a forquilha pelas duas extremidades e apontando o prolongamento da madeira para baixo até que ela começasse a vibrar de forma que se descontrolava nas mãos de TORQUETO e ali no subsolo estava a água.
Não sei como, mas Torquato tinha ciência da técnica e pseudociência chamada RADIESTESIA, que é a capacidade de captar radiações e energias emitidas por quaisquer objetos, cuja habilidade permite aos RADIETESISTAS com o auxílio de um bastão, de pêndulos e outros instrumentos) encontrar água e minerais, corpos enterrados, objetos perdidos, ou mesmo qual a dieta certa para um determinado organismo. Não é para qualquer pessoa, tem que possuir sensibilidade às radiações dos fatores físicos existentes em um terreno e TORQUATO possuía essa sensibilidade, tendo errado algumas vezes por conta da bebida que diminuía sua acuidade.
TORQUATO tinha o hábito de andar sempre à noite e freqüentava os botecos mais esquisitos e afastados da Dutra, andava sempre sujo e com um couro de boi e um cobertor dentro de um saco, pois sempre dormia dentro dos matos nas estradas que levam ao Povoado Brasil.
Ele era vizinho de Dr. William Evangelista, de quem era amigo. Era também um cuspidor inveterado e gostava de dizer piadas sem sentido, que aos olhos dos incautos eram verdadeiras sabedorias. O certo é que TORQUATO nunca brigou com ninguém e é digno do nosso registro, de manter-se na história da Dutra.
Aqui na Paraíba, na cidade de Pirpirituba temos várias freiras que fazem esse trabalho, dentre elas minha amiga Irmã Socorro, que me quer muito bem e eu também a ela. Irmã socorro utilizava de molho de chaves enfiadas num arme grosso e emite receitas para os organismos doentes, além de curar com lama (argila), flores, com as cores e urina.
O VELHO AUGUSTO DA QUIXABEIRA

O VELHO AUGUSTO DA QUIXABEIRA era um senhor de pele negra e de idade beirando os 80 anos de idade. Era um exímio construtor de cisternas de pedra (lá o povo chama tanques) e o primeiro que ele construiu na Dutra e ganhou fama foi o de Agripino, pai de Diversina minha cunhada, depois construiu o do Velho Alfredo e o de lá de casa. Ele educado e respeitador, mas tinha o vício do álcool e quando bebia ficava desbocado e inconveniente, além de um grande cuspidor.
Ele veio morar na Dutra e habitou uma casa salvo engano onde hoje moram Diva e Paulo de Jubilino e de Formolina, irmão de Vilé e Nias Gás e sua esposa que era uma santa passou maus bocados com o Seu marido, findando por ir embora novamente para a Quixabeira, município de Uibaí, pois o Velho Augusto lhe desacatava demais, chegando ao cúmulo de até agredi-la.
O OVELHO AUGUSTO era um negro a lá Ianque, era alto e muito elegante, sua mulher era costureira e ele sempre andava de conjuntos de cores azuis opacas e com um chapéu novo, além de ser meio gago, gagueira que lhe agravava quando estava “chutado” (bêbado).
ANIZÃO DE TIONILA - O NOSSO VALDIC SORIANO

ANIZÃO DE TIONILA DE LÚ, residia aí na Barriguda perto do meu Tio Antonio Mendes, de Emidiona, Antonia de Auta, Lizete Preta e outros moradores ilustres da Rua da barriguda, onde havia uma celba glaviozil, também chamada de paineira branca ou barriguda, cuja planta era centenária sem dúvida alguma. Mas Anizão era ciumento ao extremo e meu Tio Antonio Mendes gostava de sentar-se debaixo daquele pé de paineira branca, o que levou ANIZÃO a cometer um dos maiores crimes da nossa terra, com raiva dos que sentavam debaixo daquela árvore que simbolizava nossa terra, bateu mão de um machado e nas suas horas de paranóia, às vezes pelo álcool, às vezes não, passou a cortar a velha paineira branca, a qual na primavera despedia a sua roupa verde e se indumentava de uma roupa angelical, cristalina, branquinha como o véu de Nossa Senhora e Anizão em suas nóias a destruiu e o pior, os homens que representavam a Dutra naqueles tempos nem se abalaram, demonstrando inteira falta de compromisso para com a natureza e para com os valores do lugar.
Certa vi ANIZÃO embriagado atravessar a nado o Velho Açude cheio, todos tememos pelo pior, mas ele desistiu logo no início. Era um homem de muita gabolice, mas tudo próprio daqueles que carregam alguma doença tipicamente psicológica ou psiquiátrica.
MEUS ABRAÇOS DE HOJE VÃO PARA:

João, Miro, Pedro, Josefa, Tereza, Marilza, Vanilza e Zé de Lázaro, Pedro, Marinho, Miguel, Cassimiro e Odetina de Odilonzinho, Dé de Jeová e Tereza, UERSÃO E Suelma de Nissão, Neguinho e Macedo de Antonio de Jovita, Valmizão de Antonio de Chicão, Maneco e esposa, Antonio e Raul de Gaspar, Sônia, Ildonete, Joel e João de Jaime, Netão, Geovanão, Domingos, Marizete e Virgínia de Odetina de Romão, Domingos e João de Vanilde meus primos, Arió de Auta, Carlos de Auta, Mário de Antonia de Auta, Benjamim e Zé de Belarmino, Antonio de Jovita, Juri, Chico de Simão, Marli, Oscar e Ivonete, Emerso, João, Mariluce e Ivoneide do meu tio Zuza, Gileno de João de Benigno, Horacinho meu primo, o maior professor de inglês da região, Eudaldo Miguel da Costa, que foi substituído por Horacinho, Soldado Firmino e fotógrafo da Dutra, Zé e Vilson de Milingido, Zezito e Zileide de Antonio do Rio, Vanilde de Zariés, Raimundo Rios e João Baranda, Alan de Ademário, Drs. William Evangelista e esposa, Aderlan de Anizinho, Asdir Porto, Edir Porto, Paulo de Pedrão, Antonio de Pedrão, Tlinta, Osmar de Miguel, o maior corinthiano da terra Vilé, pai de Meleta, Janio de Martinha (o ladrão de canetas), Adhemar Moitinho, Nego de Sissi, João, irmão de Zé Brutinho.Valternei do Campo Formoso, Tatu e Genival do barro Branco, Odezinho, Nuncinha, Ivonte de Zuza de João martins, Reinilce minha prima e vizinha aqui de Campina Grande e, Enfim, a todos os habitantes dessa terra maravilhosa e abençoada, na qual basta o beijo do arado e o contato da chuva para que nela tudo produza, inclusive o amor e amizades sinceras.

Nenhum comentário:

Postar um comentário