Resposta de Dom Aldo
Através de nota encaminhada à coluna pela Assessoria de Imprensa da Arquidiocese da Paraíba, Dom Aldo Pagotto reafirmou ontem sua decisão de excluir da Pastoral Carcerária o Padre Bosco e a assistente social Guiany Campos Coutinho.
Reconhecidos e respeitados em todo o país pelo trabalho humanitário que desenvolvem há 20 anos junto ao sistema penitenciário paraibano, Bosco e Guiany foram afastados da Pastoral no meio da semana, após ríspido diálogo com o arcebispo católico em plena Cúria, no centro de João Pessoa.
Conforme publiquei na quinta-feira, na quarta (12), Dom Aldo destituíra os dois sem, pelo visto, permitir que se defendessem das acusações contra eles formuladas por outro membro da Pastoral anteriormente afastado por ‘conduta indevida’ pela Coordenação do serviço religioso.
Naquele mesmo dia, solicitei esclarecimentos e posicionamento do arcebispo, que vieram na forma e nos termos da mensagem a seguir reproduzida.
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Prezado Rubens Nóbrega,
A Arquidiocese da Paraíba confirma que houve uma reunião entre o Pe. Bosco e a Sra. Guiany na Cúria Metropolitana/Palácio do Bispo. A reunião dos dois foi com o Vigário Geral da Arquidiocese da Paraíba, Monsenhor Virgílio Bezerra de Almeida, tendo a participação do Arcebispo da Paraíba, Dom Aldo Pagotto, apenas em um momento. Por questões éticas, e de privacidade, não citamos o teor da conversa, e lamentamos que supostos detalhes do que foi conversado tenham sido divulgados.
Esclarecemos que o Pe. Bosco não é incardinado na Arquidiocese da Paraíba (ou seja, não faz parte do Clero Diocesano) e que a Sra. Guiany não teve, na gestão de Dom Aldo, desde 2004, nenhuma nomeação para atuar oficialmente à frente da Pastoral Carcerária da Arquidiocese da Paraíba. Logo, é incerto afirmar que ela foi afastada por Dom Aldo de tal função.
Mesmo assim, o Arcebispo da Paraíba agradece a atuação do Pe. Bosco e da Sra. Guiany na Pastoral Carcerária. Porém, Dom Aldo repensa e redesenha um novo modelo de atuação evangelizadora e pastoral nos presídios, atendo-se à competência exclusiva no âmbito da Circunscrição Eclesiástica da Arquidiocese da Paraíba. Nesse novo projeto, o Arcebispo não vai incluir nem o Pe. Bosco (até porque ele não faz parte do Clero Diocesano) nem a Sra. Guiany, que já afirmou que a sua atuação vincula-se a outros órgãos, com metodologia de trabalho específico. O Arcebispo a respeita e a agradece por isso, não competindo desqualificá-la. Dom Aldo opta por outro tipo de organização da Pastoral Carcerária, ora redesenhada e, ao seu devido tempo, que terá o novo modelo dado ao conhecimento de todos.
Por fim, gostaríamos de esclarecer e explicar um ponto: Dom Aldo é a favor, sim, da revista íntima, por acreditar que ela inibe o aliciamento de mulheres para entrar nas unidades prisionais com drogas e equipamentos, como aparelhos celulares e carregadores, dentro do corpo, colocando em risco a própria vida. A revista íntima é capaz de evitar mulheres nessa situação de risco e ainda a entrada de produtos ilícitos nas unidades prisionais. Mas pedimos às autoridades que a revista seja feita em um local apropriado e por mulheres capacitadas para tal atividade, sem expor e nem colocar em risco a dignidade das mulheres que vão visitar detentos nos presídios.
Sem mais no momento, agradecemos a publicação da resposta.
Assessoria de Imprensa/Comunicação da Arquidiocese da Paraíba.
Não se calam os profetas
Sob esse título, a Coordenação Nacional da Pastoral Carcerária divulgou ontem nota de apoio a Guiany e ao Padre Bosco. Nela, ressalta que a decisão de Dom Pagotto, além de violenta e injustificada, contrapõe-se aos novos rumos da Igreja Católica abertos com o advento do Pontificado de Francisco. “Lamentavelmente, na contramão dos ventos que sopram do Vaticano, a Arquidiocese da Paraíba está testemunhando a perseguição à profecia, com a ascensão da arbitrariedade. A atitude de dom Aldo Pagotto, arcebispo da Paraíba, de afastar o padre João Bosco do Nascimento e a senhora Guiany Campos Coutinho de suas funções na coordenação da Pastoral Carcerária da referida Arquidiocese, é violenta e injustificada. Tal iniciativa representa uma oposição e um combate à ação pastoral e evangelizadora das pastorais sociais e das diretrizes do Documento de Aparecida (parágrafos 427-430)”, diz um dos trechos mais impactantes da nota.
Do Professor Virgolino
Caro Rubens, sou católico, praticante e atuante na Igreja (Paróquia de N. S. Auxiliadora, participando do ECC, das Pastorais da Família e do Grupo de Canto). Trabalho para a Igreja de Cristo e, agora, de Francisco, o Papa.
Porém, faço questão de afirmar, desde sua chegada e por medidas e comportamentos incondizentes com o que eu entendo de arcebispado, que não me sinto comprometido com a posição controversa de D. Aldo Pagotto.
Muitos padres com quem trabalhei, e posso atestar que são clérigos vocacionados e construtores da Igreja de Cristo, foram imotivadamente perseguidos, isolados, transferidos, como se fora uma administração pública, dessas que têm à frente um político caciquista que só quer a seu lado acólitos e bajuladores.
Entrando em searas que nada têm a ver com a atividade pastoral, o nosso arcebispo costuma sair por aí criando arestas e desentendimentos que só prejudicam o real papel da igreja.
São muitos os casos dessa errática atuação do Arcebispo Chefe da Arquidiocese da Paraíba.
Essa é a observação de um membro da comunidade católica que tem a consciência tranquila de que presta um serviço para Deus, podendo livremente manifestar-se sobre o condutor local da Igreja, sem questões pessoais, mas fruto da observação feita como ovelha, só que ovelha de duas pernas e cabeça para pensar, e não seguir cegamente caminhos que entende não ser os da verdadeira Igreja do século XXI.
Atenciosamente,
José Virgolino de Alencar
Católico Apóstólico Romano e Cidadão da Comunidade.
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