Nem a menina escapa
POR RUBENS NÓBREGA
Em campanha aberta pela reeleição, o governador Ricardo Coutinho tem conseguido montar e protagonizar eventos de razoável impacto na mídia e com excelente disfarce institucional.
Alguns desses eventos recebem adesão supostamente espontânea de dirigentes de outros poderes que, ingenuamente ou não, atuam como bem comportados coadjuvantes do astro político em cartaz.
Uma das cenas mais bem executadas desse roteiro aconteceu anteontem à tarde no Palácio da Justiça, onde se armou o palanque, digo, o palco, para mais um anúncio espetaculoso de estatísticas oficiais redutoras de violência.
Pouco antes da solene reunião daquilo que pomposamente chamariam de Comitê Integrado de Segurança, contudo, a 300 metros dali um bando armado promovia mais um cinematográfico assalto a banco.
O assalto, em pleno calçadão da Duque de Caxias, Centro da Capital, terminou em tiroteio, correrias movidas pelo terror, ferimento a bala em um cliente e fuga fácil dos bandidos, apesar do trânsito difícil e emperrado em toda a área.
Mas o triste desfecho do caso Fernanda Ellen, no começo da noite da segunda-feira, viria para ‘salvar a pátria’ e abafar qualquer tentativa da realidade de estragar o marketing ricardista em ano pré-eleitoral.
Tanto foi assim que ontem pela manhã, pelas vozes e penas mais desavergonhadas que operam a milionária divulgação dos feitos palacianos, era visível o trabalho que dava conter a alegria e os rojões.
Seria um acinte ao pesar e luto da família se o entusiasmo não fosse disfarçado, lógico, mas mesmo assim o desvendamento do caso, apesar da demora, foi tratado com a pompa e a circunstância de laboriosa realização governamental.
Ao ponto de Estelizabel Bezerra, porta-voz oficial do governador, participar pessoalmente da coletiva da cúpula da Segurança Pública sobre a resolução do bárbaro crime de que foi vítima a garotinha do Alto do Mateus.
Pelo visto, a campanha pelo Ricardus II, ou seja, a ‘luta’ por mais quatro anos na paradisíaca Granja Santana, deverá ser travada sem o menor pudor, inclusive – se preciso for – tirando proveito até mesmo de tragédias como essa.
Por essas e outras a que estamos assistindo na Paraíba de agora, rezemos todos por um mínimo de parcimônia de quem exerce o poder. Ou, se possível, um pingo de respeito à dor extrema de quem perde alguém como Fernanda.
Lógica investigativa
Brilhante o comentário de Bruno Filho ontem à tarde, no imperdível Cotidiano, da CBN João Pessoa. O âncora lembrou que em casos semelhantes ao de Fernanda Ellen, “em geral, a investigação é feita de dentro pra fora”.
Significa que a caça aos suspeitos deve começar no círculo familiar da vítima e depois se estender aos vizinhos... Faz todo o sentido do mundo. Só não se entende porque a nossa Polícia não fez assim. Ou fez, não logrou êxito e partiu para outra linha de investigação?
A pedra de moinho
Rubão, ao longo dos tempos a história humana já nos deu todas as provas consistentes e razoáveis de que existem seres humanos irrecuperáveis em sua perversidade e monstruosidade.
Diante de mais uma barbárie, e como pai de duas jovens, uma delas com a mesma idade de Fernanda Ellen, me vêm à mente palavras certa vez ditas por Jesus de Nazaré: “Mas se alguém fizer um destes pequenos tropeçar, seria melhor para ele que uma pedra de moinho lhe fosse atada ao pescoço e que fosse jogado no mar”.
A pedra de moinho, na época de Jesus, era do tamanho da imensa pedra circular que lacrou a sua tumba. Então, se o próprio Deus criador de tudo nos sugere que tais monstros não merecem continuar vivos, não devemos vacilar.
Em outra ocasião, Ele teria dito: “Os reinos deste mundo, sendo materiais, podem frequentemente considerar que seja necessário empregar a força física para a execução das suas leis e para a manutenção da ordem...”.
No Reino do céu, os verdadeiros crentes não recorrerão ao emprego da força física. O Reino do céu, sendo uma fraternidade espiritual dos filhos nascidos do espírito de Deus, pode apenas ser promulgado pelo poder do espírito.
Essa distinção de procedimento refere-se às relações do Reino dos crentes com o reino do governo secular e não anula o direito que a sociedade organizada tem de manter a ordem nas suas fileiras e de administrar a disciplina junto a membros rebeldes e indignos.
***
O texto que vocês acabaram de ler é de Guto Carvalho. Dele, pela qualidade e profundidade, não recuso qualquer colaboração, mesmo aquelas – como essa – com as quais venha a ter inafastável discordância.
No caso, lembro que o assassino confesso de Fernanda Ellen não foi julgado. Quando o for, deverá ter direito à defesa. Condenado, não o será à morte. Porque não temos pena capital em nosso ordenamento jurídico.
Nem cultura nem estrutura judiciária capaz de aplicá-la com cem por cento de correção e justiça incontestável em todos os julgamentos.
Alguns desses eventos recebem adesão supostamente espontânea de dirigentes de outros poderes que, ingenuamente ou não, atuam como bem comportados coadjuvantes do astro político em cartaz.
Uma das cenas mais bem executadas desse roteiro aconteceu anteontem à tarde no Palácio da Justiça, onde se armou o palanque, digo, o palco, para mais um anúncio espetaculoso de estatísticas oficiais redutoras de violência.
Pouco antes da solene reunião daquilo que pomposamente chamariam de Comitê Integrado de Segurança, contudo, a 300 metros dali um bando armado promovia mais um cinematográfico assalto a banco.
O assalto, em pleno calçadão da Duque de Caxias, Centro da Capital, terminou em tiroteio, correrias movidas pelo terror, ferimento a bala em um cliente e fuga fácil dos bandidos, apesar do trânsito difícil e emperrado em toda a área.
Mas o triste desfecho do caso Fernanda Ellen, no começo da noite da segunda-feira, viria para ‘salvar a pátria’ e abafar qualquer tentativa da realidade de estragar o marketing ricardista em ano pré-eleitoral.
Tanto foi assim que ontem pela manhã, pelas vozes e penas mais desavergonhadas que operam a milionária divulgação dos feitos palacianos, era visível o trabalho que dava conter a alegria e os rojões.
Seria um acinte ao pesar e luto da família se o entusiasmo não fosse disfarçado, lógico, mas mesmo assim o desvendamento do caso, apesar da demora, foi tratado com a pompa e a circunstância de laboriosa realização governamental.
Ao ponto de Estelizabel Bezerra, porta-voz oficial do governador, participar pessoalmente da coletiva da cúpula da Segurança Pública sobre a resolução do bárbaro crime de que foi vítima a garotinha do Alto do Mateus.
Pelo visto, a campanha pelo Ricardus II, ou seja, a ‘luta’ por mais quatro anos na paradisíaca Granja Santana, deverá ser travada sem o menor pudor, inclusive – se preciso for – tirando proveito até mesmo de tragédias como essa.
Por essas e outras a que estamos assistindo na Paraíba de agora, rezemos todos por um mínimo de parcimônia de quem exerce o poder. Ou, se possível, um pingo de respeito à dor extrema de quem perde alguém como Fernanda.
Lógica investigativa
Brilhante o comentário de Bruno Filho ontem à tarde, no imperdível Cotidiano, da CBN João Pessoa. O âncora lembrou que em casos semelhantes ao de Fernanda Ellen, “em geral, a investigação é feita de dentro pra fora”.
Significa que a caça aos suspeitos deve começar no círculo familiar da vítima e depois se estender aos vizinhos... Faz todo o sentido do mundo. Só não se entende porque a nossa Polícia não fez assim. Ou fez, não logrou êxito e partiu para outra linha de investigação?
A pedra de moinho
Rubão, ao longo dos tempos a história humana já nos deu todas as provas consistentes e razoáveis de que existem seres humanos irrecuperáveis em sua perversidade e monstruosidade.
Diante de mais uma barbárie, e como pai de duas jovens, uma delas com a mesma idade de Fernanda Ellen, me vêm à mente palavras certa vez ditas por Jesus de Nazaré: “Mas se alguém fizer um destes pequenos tropeçar, seria melhor para ele que uma pedra de moinho lhe fosse atada ao pescoço e que fosse jogado no mar”.
A pedra de moinho, na época de Jesus, era do tamanho da imensa pedra circular que lacrou a sua tumba. Então, se o próprio Deus criador de tudo nos sugere que tais monstros não merecem continuar vivos, não devemos vacilar.
Em outra ocasião, Ele teria dito: “Os reinos deste mundo, sendo materiais, podem frequentemente considerar que seja necessário empregar a força física para a execução das suas leis e para a manutenção da ordem...”.
No Reino do céu, os verdadeiros crentes não recorrerão ao emprego da força física. O Reino do céu, sendo uma fraternidade espiritual dos filhos nascidos do espírito de Deus, pode apenas ser promulgado pelo poder do espírito.
Essa distinção de procedimento refere-se às relações do Reino dos crentes com o reino do governo secular e não anula o direito que a sociedade organizada tem de manter a ordem nas suas fileiras e de administrar a disciplina junto a membros rebeldes e indignos.
***
O texto que vocês acabaram de ler é de Guto Carvalho. Dele, pela qualidade e profundidade, não recuso qualquer colaboração, mesmo aquelas – como essa – com as quais venha a ter inafastável discordância.
No caso, lembro que o assassino confesso de Fernanda Ellen não foi julgado. Quando o for, deverá ter direito à defesa. Condenado, não o será à morte. Porque não temos pena capital em nosso ordenamento jurídico.
Nem cultura nem estrutura judiciária capaz de aplicá-la com cem por cento de correção e justiça incontestável em todos os julgamentos.
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