sábado, 6 de abril de 2013


Padre Bosco: 'O Papa e a Prisão' - Leia Coluna desta semana


O Papa e a Prisão

Passaram-se as atividades da semana santa, como acontece em todos os anos. No entanto, 2013 ao celebrar esta semana deixa uma marca profunda na história da humanidade e da igreja, sobretudo. O papa Francisco, como fazia quando cardeal, tomou a decisão de não presidir a missa do Lava Pés na Basílica de São Pedro para ir a uma prisão de jovens em Roma. Uma decisão que surpreendeu a todos. É a primeira vez que na historia se tem noticia de um gesto assim.

O padre Valdir, nosso coordenador nacional anunciou que temos um novo agente de pastoral carcerária: o papa Francisco. É a primeira vez que na igreja o papa faz esta experiência. A sua foto espalhou-se pelo mundo, inclinado, lavando os pés dos jovens na prisão.

A atitude do papa nos ensina que a igreja existe para servir de modo concreto a quem mais precisa. Quem se encontra dependente dos outros para viver é quem mais precisa. Na doença e na prisão o ser humano é o mais carente de presença e de solidariedade. O papa nos ensina que para servir não pode existir preconceito, isto é, que não podemos escolher a quem servir fazendo acepção de pessoas.

Mesmo sendo admirado por sua simplicidade, certamente alguém discordou da atitude do papa de ir a uma prisão para a missa do lava pés. Quem é acusado de crime ou cumpre pena ou “medida sócio educativa”, não merece atenção de ninguém, muito menos de um papa.

O papa Francisco se coloca como servidor dos mais excluídos. Ele entendeu perfeitamente o que Jesus fez na ceia. Dei o exemplo para que vocês façam a mesma coisa. O papa fez por convicção pessoal, mas também nos dando o exemplo, para que o povo cristão também assim se comporte pelo exemplo de vida.

A vida cristã precisa crescer através do serviço e da caridade. O gesto do papa vai exatamente nesta direção de uma igreja que está a serviço, presente nas realidades do mundo. Não podemos nos esquecer, como cristãos, a realidade das prisões cada vez mais se estabelece dentro de uma cultura de morte quando a proposta de Jesus nos aponta para uma cultura de vida.

O lava-pés que Jesus realizou, isto é, a páscoa, a ceia da nova aliança é a entrega de sua vida para que todos tenha vida em abundância.

A solidariedade não pode ser objeto de pregação como muitas vezes deixa transparecer. Pregamos o que não vivemos quando caridade é serviço ao outro, ao próximo. São os nossos gestos que devem falar mais que as nossas palavras. Os gestos do papa começam a falar mais do que suas palavras.

Assim deve o evangelho ser anunciado por ele e por todos nós. O papa sinaliza para toda igreja a importância e a necessidade da pastoral carcerária no mundo todo, indicando que é missão da igreja e dos cristãos manter essa presença. Quem é católico, admirador do papa, não pode mais falar contra a pastoral carcerária e dizer que isso não é trabalho para a igreja. Isso seria ser contra o papa que assume como sua a pastoral carcerária, ele mesmo tornando-a sua, como missão.

A partir de agora, nas dioceses do mundo e nas paroquias e comunidades, as pessoas cristãs podem até não darem assistência às pessoas presas, mas sabem que é missão nossa e de toda igreja poder realiza-la, como missão do papa e de todos nós.


Por Padre Bosco
Presidente do Conselho Estadual de Direitos Humanos
* Colunista do Blog Mari Fuxico


Leia mais: http://marifuxico.blogspot.com/search?updated-max=2013-04-03T09:51:00-07:00&max-results=15&start=60&by-date=false#ixzz2Ph6Ljqit
Blog Mari Fuxico 

Nenhum comentário:

Postar um comentário