Câmara derruba PEC que
tentava limitar o poder de investigação do MP
PEC 37 impedia promotores e procuradores de abrir
investigações próprias.
Protestos pelo país pediram que Congresso rejeitasse a proposta polêmica.
Protestos pelo país pediram que Congresso rejeitasse a proposta polêmica.
Nathalia Passarinho e Fabiano CostaDo G1, em Brasília
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Deputados no plenário da Câmara em sessão de votação da PEC 37 (Foto:
Luis Macedo/Agência Câmara)
A Câmara dos
Deputados derrubou nesta terça-feira (25), por 430 votos a nove (e duas
abstenções), a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que impedia o Ministério
Público de promover investigações criminais por conta própria.
O texto da
chamada PEC 37 (entenda) previa competência exclusiva da
polícia nessas apurações. Com a decisão da Câmara, a proposta será arquivada.
Pela proposta
de alteração na carta constitucional, promotores e procuradores não poderiam
mais executar diligências e investigações próprias – apenas solicitar ações no
curso do inquérito policial e supervisionar a atuação da polícia. A rejeição da
proposta era uma das reivindicações dos protestos de rua que se espalharam em
todo o país.
Antes de
iniciar a votação nominal, o presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves
(PMDBx-RN), fez um apelo para que a proposta que limita o MP fosse derrotada
por unanimidade.
“Tenho o dever
e a sensibilidade de dizer a esta casa que todo o Brasil está acompanhando a
votação desta matéria, nesta noite, no plenário. E por isso tenho o dever e a
sensibilidade de declarar, me perdoe a ousadia, que seria um gesto importante,
por unanimidade, derrotar essa PEC”, disse.
Tenho o dever e
a sensibilidade de declarar, me perdoe a ousadia, que seria um gesto
importante, por unanimidade, derrotar essa PEC."
Deputado Henrique Alves (PMDB-RN), presidente da Câmara
A votação foi
acompanhada por procuradores e policiais, que ocupavam cadeiras na galeria do
plenário da Câmara. Conduzidos pelo líder do PSDB, Carlos
Sampaio (SP), promotor de Justiça licenciado, parlamentares tucanos
ergueram cartazes no plenário contra a PEC 37. As cartolinas estampavam “Eu sou
contra a PEC 37. Porque não devo e não tenho medo da investigação. A quem
interessa calar o MP?”, indagava o manifesto.
Ao abrir a
sessão extraordinária, o presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves
(PMDB-RN), afirmou que era necessário votar a PEC 37, mesmo sem acordo.
“Lamentavelmente
chegamos a 95% de acordo. Faltaram 5% para concluirmos um texto. Esta Casa
demonstrou sua vontade de estabelecer um perfeito entendimento entre o
Ministério Público e os delegados. Mas na hora que não foi possível, isso não
poderia ser pretexto para não votar a PEC. Ela não poderia ficar pairando”,
disse.
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Henrique Alves
disse ainda “ter certeza” de que os parlamentares voltariam a proposta pensando
no que seria melhor para o país.“ Tenho certeza de que cada parlamentar estará
votando de acordo com a sua consciência, para o combate à corrupção, o combate
à impunidade”, disse
Em discurso no
plenário, o líder do PSOL na Câmara, Ivan Valente (RJ),
destacou o papel das manifestações populares na derrubada da PEC 37. “Lá na CCJ
da Câmara a maioria dos deputados era a favor da PEC 37. A maioria desse
plenário era a favor da PEC 37. [...] Essa PEC vai ser derrubada pelo povo nas
ruas”, afirmou.
Todos os
partidos orientaram as bancadas para rejeitar a proposta. “A bancada do
Democratas vai votar em sua ampla maioria, senão na sua totalidade, para
derrotar a PEC 37. Mas aos colegas que votarem favoravelmente a ela, o meu
respeito, porque eu respeito qualquer parlamentar no momento da sua decisão e
votação”, disse o líder do DEM, deputado Ronaldo Caiado (GO).
Queremos dar
uma resposta à sociedade, uma resposta às ruas. Não queremos que nenhuma
criminalidade fique sem investigação."
Deputado Eduardo Cunha (RJ), líder do PMDB na Câmara
Ao defender a
rejeição da PEC 37, o líder do PMDB, Eduardo Cunha (RJ), afirmou que o partido
quer dar uma reposta às manifestações.
“Ninguém quer
acabar com o poder de investigar. Todos nós queremos que todos investiguem.
Queremos dar uma resposta à sociedade, uma resposta às ruas. Não queremos que
nenhuma criminalidade fique sem investigação”, afirmou.
Autor da PEC
lamenta 'rótulo'
O autor da proposta, deputado Lourival Mendes (PTdoB-MA), foi o único a defender o texto no plenário. Ele afirmou que a PEC 37 foi rotulada de forma “indevida” como sinônimo de “impunidade”.
O autor da proposta, deputado Lourival Mendes (PTdoB-MA), foi o único a defender o texto no plenário. Ele afirmou que a PEC 37 foi rotulada de forma “indevida” como sinônimo de “impunidade”.
“Essa PEC
tramitou nesta Casa com 207 assinaturas, foi aprovada na CCJ [Comissão de
Constituição e Justiça], foi aprovada na comissão especial. Lamentavelmente,
num acidente de percurso, a PEC foi rotulada e alcançada por um movimento que
nada tem a ver com sua propositura. Não é verdadeiro o rótulo de impunidade da
PEC”, afirmou.
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