A Copa dos elefantes brancos
As promessas de Aldo Rebelo para a Copa da Corrupção, tal como as árvores da Amazônia sob o novo comunismo de agronegócio, vão caindo uma a uma. Praticamente nada de investimento privado foi posto nos estádios (arenas), que já consumiram quase 10 bilhões em recursos públicos, e ainda vão consumir muito mais, mesmo depois da Copa. O fluxo turístico externo para a Copa das Confedeladrões, digo, das Confederações, foi insignificante, imperceptível para aqueles que ficaram à margem dos espetáculos, e o clima econômico piora a olhos vistos. Protestos ganham as ruas, enquanto o amadorismo prevaleceu desde a venda de ingressos até a realização dos jogos. As decantadas obras de infraestrutura não saíram do papel, mas Rebelo, firmemente convencido de que palavras substituem realidades, afirma que “não há elefantes brancos”.Contudo, ressalva: “desde que as providências sejam tomadas”. E que providências são essas?
Segundo o livro verde de Aldo, as doze arenas da Copa foram concebidas como arenas “multiuso”. Assim, é só arranjar eventos, shows e outras atividades e voilà: os custos de manutenção estão cobertos, e quem sabe lucros... Vale dizer: as arenas multiuso de Cuiabá, Natal, Manaus, etc. irão se viabilizar com os pagantes de apresentações da Madonna e Paul Mc Cartney, com festivais de forró e axé, feirões de veículos e de importados, encenações da Paixão de Cristo, formaturas e festas de debutantes. Aliás, podemos até dizer que se moradores destas cidades nunca viram apresentações do Cirque Soleil foi exatamente pela falta destas arenas, que a Copa da Corrupção veio finalmente suprir...Conversa fiada. Se os custos de manutenção assustam até times grandes, imagine-se quanto pagará o público destas cidades para ver feirões de veículos e outros eventos.
Não é preciso muita inteligência para perceber que nada disso acontecerá. Os elefantes brancos estarão devidamente ociosos no primeiro dia em que a Copa encerrar. E a primeira coisa que farão os governos que os construiram será negligenciar sua cara manutenção, em nome de outras prioridades. Aldo Rebelo teria sido mais criativo – e talvez até ajudado um pouco a aplacar a insatisfação popular – se tivesse prometido que, após a copa, as arenas seriam convertidas em hospitais do SUS, escolas, delegacias de polícia ou até prisões, dentro do conceito multiuso, a fim de suprir as necessidades que deixaram de ser atendidas em nome deste circo da escuridão, que veio para o Brasil apenas para iludir a população e encher o bolso de alguns. O segundo objetivo foi plenamente alcançado; o primeiro, corre perigo, a julgar pelas raivosas declarações do Ministro dos Esportes de que “arruaceiros não irão estragar a nossa copa”. Arruaceiros, contudo, não podem estragar o que já nasceu podre. Não querem se limitar a cantar, após o apito final do último jogo: “a copa dos elefantes brancos é nossa, com sua manutenção, não há quem possa”.
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