quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Ao Sr. Governador do Estado da Paraíba,

Como Conselheira Estadual dos Direitos Humanos (talvez o senhor agora possa fazer o favor de me escutar ou fingir, porque conforme alguns  satélites seus comentam, mulher sem representatividade não tem porque ser ouvida, nosso valor se reduz a vagina), fiquei perplexa com o tratamento recebido pelos meus colegas conselheiros e conselheiras, ontem em visita de rotina ao PB1. Receberam VOZ DE PRISÃO ILEGAL do Major Sergio Fonseca de Sousa, Diretor do PB1, (que por sinal responde a processos de homicidio e crime contra o patrimônio, mas que talvez goze de elevada estima e consideração desse governo), somente porque os conselheiros em visita de rotina puderam identificar várias atrocidades, crueldades, condições indescritiveis, e  por isso foi simulada uma situação que hoje pipoca na midia, a de que estes mesmos conselheiros estivessem levando celulares e equipamentos para presos. Se o sr e o resto da população acreditam em Papai Noel, realmente eu terei que me conformar com as mentiras levantadas, porém sabemos que máquinas fotográficas são instrumentos de trabalho e os Conselheiros estão amparados por Lei Estadual que é hierarquicamente superior a uma resolução da Secretaria de Administração Penitenciária que é direcionada aos familiares de preso. Talvez o desespero da equipe do PB1, incompetente por sinal em vários aspectos, da mesma forma que incompetente tem se mostrado a condução da segurança no estado da Paraíba (por favor, sem a ladainha de herança de governos anteriores porque estamos já entrando no terceiro ano da gestão), onde o estado da Paraíba é o segundo do país que mais se mata jovens negros e primeiro em mulheres que são mortas das formas e motivos mais variados), se justifique pelo fato de escancarar uma situação que até mesmo nós dos CEDH nos chocamos, apesar da experiência de muitos dos conselheiros. Receberam VOZ DE PRISÃO ILEGAL noss@s Conselheir@s: PADRE BOSCO DO NASCIMENTO, MARIA DO SOCORRO TARGINO PRAXEDES, LIDIA NOBREGA, MARIA DE NAZARETH TAVARES ZENAIDE, VALDENIA PAULINO LANFRANCHI, GUIANY CAMPOS COUTINHO. Os Conselheiros LAURA BERQUÓ (eu) e MARINHO MENDES MACHADO fomos chamados por dois dos colegas que ainda puderam ter acesso ao celular que fora deixado na recepção (aliás nenhum conselheiro adentrou com seus celulares sendo uma mentira o que foi dito porque tods deixaram suas bolsas na recepção), porque nem mesmo autorização os mesmos tiveram para usar o telefone da instituição e entrar em contato com seus advogados e parentes. Quando lá chegamos fomos recebidos pela imprensa quejá espalhava aos quatro cantos do mundo que os conselheiros tinham entrado com 10 celulares para distribuir aos presos. Após entrarmos conversamos com o Tenente - Coronel Arnado Sobrinho , que por sinal não estava bem preparado para uma situação desse tipo, pois como disse o mesmo, "cumpriria a ordem de subordinado". Perguntamos qual o motivo da detenção e constatamos que não havia motivo. Como bem declarou o Major, houve VOZ DE PRISÃO. Durante três horas nossos conselheiros foram mantidos sob deboches, presos ilegalmente, e o pior, sem saber o que seria feito dos mesmos já que ameaçavam levarem os mesmos par aa 9ª Delegacia. Segundo uma das Conselheiras, o Palácio foi avisado. Eu lamento das vezes que votei "nesse projeto". Hoje nem sequer temos retorno das demandas. Cadê a resposta do ofício do CEDH do caso da jovem do Bom Pastor? O que o Sr pensa dos chapões e de empresas que constroem novos chapões sem licitação? Ou V. Exa. mude sua equipe ou senhor faça o favor de responder os ofícios porque humildade é uma roupa que veste bem. Por que V. Exa. não dá retornos da proposta de criação de uma Delgacia Especializada no Combate de Crimes Raciais e Contra o Desrespeito às Religiões. Eu sei que evangélicos e católicos decidem uma eleição, mas o sr não se esqueça da sua dívida com o povo-de-santo e do tempo que era chique quando o senhor era dos movimentos sociais frequentar terreiro para conseguir o apoio de um povo que hoje sofre da sua policia, que hoje não tem direito nem a praticar seus cultos, viver suas crenças sem receber visita policial. Voltamos aos anos 60. Senhor Governador, meu irmão de Orixá, Ogum é correto, é justo, pisa e anda em linha reta e mata todas as espécies de fome. Mas também pune seus filhos exemplarmente, por isso o senhor pense sobre o que tem feito a frente desse estado no que tange ao combate à violação de direitos. Talvez a antipatia com relação ao CEDH é que ainda não tivemos a oportunidade de visitar um politico preso. Talvez quando isso passar a acontecer e politico passar a responder pelos crimes que cometem contra todo o povo, os Direitos Humanos sejam uma necessidade para os senhores. Mas por enquanto, nós somos obrigados  a assistir  e viver sem estrutura de trabalho, contando com a boa vontade e com os recursos do próprio bolso.
Laura Berquó

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