A Copa do mea culpa
Com a proximidade do Mundial, e a constatação irrevogável de que nenhuma das promessas grandiosas do evento foi cumprida (à exceção dos elefantes brancos, quase prontos, e dos lucros da Fifa) começa a temporada do “mea culpa” (ah, se eu soubesse que tinha esta cláusula, não tinha assinado...). O protagonista do tardio “mea culpa” é o Governador Tarso Genro, que confessou que “a decisão de assumir a Copa dentro das condições exigida pela Fifa foi uma roubada. Soubemos das invasões à soberania do país (pela Fifa) tardiamente”. Acrescentou ainda que a população deveria ter sido consultada antes da assinatura do contrato com a Fifa. Lamentavelmente, sua chefe, a Tia Dilma, também soube tardiamente da cláusula “put option” (que obrigava o sócio a comprar o negócio inteiro, se não houvesse concordância com decisões de investimento; e a refinaria de Pasadena precisava de um investimento de 300 milhões para continuar funcionando) e assim foi obrigada pela Justiça americana a comprar a outra parte do negócio, por 800 milhões.
Prejuízo bilionário para um, lucro fantástico para quem (a sortuda Astra) havia comprado a planta pouco antes por U$ 46 milhões...Enquanto uma (Graça Foster) faz sua mea culpa, dizendo que foi um erro, outro (Sérgio Gabrielli) diz que a refinaria ainda dará lucro... Na Copa, enquanto Tarso Genro lamenta não ter sabido antes, Aldo Rebelo afirma com alma lavada que em cem dias ainda dá para fazer muita coisa, e que os estádios ainda darão lucro... Realmente. O Estádio Mané Garrincha, em Brasília, custou 1,6 bilhões e, à custa de shows como o da Beyoncé, faturou 1,3 milhões no ano passado. Nesse ritmo, daqui a 1.167 anos recuperará todo o custo.
Ainda há esperança para a refinaria de Pasadena, supondo-se que o petróleo continue sendo fonte de energia durante todo este tempo. Na Copa não houve “put option”; a Fifa arrancou concessões inimagináveis aproveitando- se de uma verdadeira guerra fiscal deflagrada entre os estados para ver quem sediava jogos, tudo com o estímulo do governo federal. Não é a toa que esta será a Copa das Copas, onde a Fifa espera lucros superiores aos das duas últimas copas somadas. Interessante reportagem (Porno-desperdício), de Laura Capriglione, disponível na internet, mostra o que foi a Copa para a África do Sul, país governado pelo partido de Mandela, e que gastou bem menos do que o Brasil.
Exército mobilizado para conter manifestações.Limpeza étnica das cidades, com a remoção de sem-teto e moradores de rua. Exclusão total da pobreza. Proibição de acesso de vendedores de alimentos típicos e artesanato às proximidades dos estádios. Elefantes brancos dispendiosos. Um destes, o Estádio Moses Mabhida, em Durban, construído ao custo de U$ 350 milhões (barato, para os padrões brasileiros), ao lado de outro estádio de Rugby (esporte popular entre os brancos) encontra-se ocioso. Atração turística? O passeio em um trenzinho, o Sky Car, preso ao arco que sustenta a estrutura da arena. “A vista da cidade é magnífica!”, descrevem os usuários do site TripAdvisor. “Podiam ter construído apenas o arco!” Imagina na Copa (do Brasil).
Para ao menos salvar o turismo, diante da enxurrada de devoluções de quartos, Aldo Rebelo bem podia aproveitar esta idéia. É só chamar a Alston para cuidar do trenzinho. Do jeito que a coisa vai, após o último jogo, nos restará apenas cantar: “A copa do mea culpa é nossa, com as desculpas sem responsabilizações, não há quem possa”
Prejuízo bilionário para um, lucro fantástico para quem (a sortuda Astra) havia comprado a planta pouco antes por U$ 46 milhões...Enquanto uma (Graça Foster) faz sua mea culpa, dizendo que foi um erro, outro (Sérgio Gabrielli) diz que a refinaria ainda dará lucro... Na Copa, enquanto Tarso Genro lamenta não ter sabido antes, Aldo Rebelo afirma com alma lavada que em cem dias ainda dá para fazer muita coisa, e que os estádios ainda darão lucro... Realmente. O Estádio Mané Garrincha, em Brasília, custou 1,6 bilhões e, à custa de shows como o da Beyoncé, faturou 1,3 milhões no ano passado. Nesse ritmo, daqui a 1.167 anos recuperará todo o custo.
Ainda há esperança para a refinaria de Pasadena, supondo-se que o petróleo continue sendo fonte de energia durante todo este tempo. Na Copa não houve “put option”; a Fifa arrancou concessões inimagináveis aproveitando- se de uma verdadeira guerra fiscal deflagrada entre os estados para ver quem sediava jogos, tudo com o estímulo do governo federal. Não é a toa que esta será a Copa das Copas, onde a Fifa espera lucros superiores aos das duas últimas copas somadas. Interessante reportagem (Porno-desperdício), de Laura Capriglione, disponível na internet, mostra o que foi a Copa para a África do Sul, país governado pelo partido de Mandela, e que gastou bem menos do que o Brasil.
Exército mobilizado para conter manifestações.Limpeza étnica das cidades, com a remoção de sem-teto e moradores de rua. Exclusão total da pobreza. Proibição de acesso de vendedores de alimentos típicos e artesanato às proximidades dos estádios. Elefantes brancos dispendiosos. Um destes, o Estádio Moses Mabhida, em Durban, construído ao custo de U$ 350 milhões (barato, para os padrões brasileiros), ao lado de outro estádio de Rugby (esporte popular entre os brancos) encontra-se ocioso. Atração turística? O passeio em um trenzinho, o Sky Car, preso ao arco que sustenta a estrutura da arena. “A vista da cidade é magnífica!”, descrevem os usuários do site TripAdvisor. “Podiam ter construído apenas o arco!” Imagina na Copa (do Brasil).
Para ao menos salvar o turismo, diante da enxurrada de devoluções de quartos, Aldo Rebelo bem podia aproveitar esta idéia. É só chamar a Alston para cuidar do trenzinho. Do jeito que a coisa vai, após o último jogo, nos restará apenas cantar: “A copa do mea culpa é nossa, com as desculpas sem responsabilizações, não há quem possa”
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