quarta-feira, 18 de junho de 2014

SÃO JOÃO NA PRAIA – A LENDA CONTADA PELO PROVECTO MAGISTRADO


Eram os anos de 1985/1986, o então Prefeito de João Pessoa Antonio Carneiro Arnaud, autoriza a edificação de quiosques na Praia do Cabo Branco e a Associação de Proteção à Natureza – APAN, representada pela combativa Paula Franssinete, atravessou ação que tramitou na Justiça Federal visando a proibição da instalação daqueles equipamentos naquela deleitável e paradisíaca orla que Deus nos presenteou sem nada cobrar.
Pois bem, o vetusto pretor, Dr. Ridalvo Costa, contou em sua sentença a estória de um homem que todos os dias subia numa enorme pedra encravada na frente do seu humilde casebre interiorano e lá assistia a airosa e venusta aurora, com os ternos cantos da passarada e ao entardecer fazia o mesmo, subia na pedra para apreciar o pulcro e apolíneo por do sol, ocasião onde o dia em nossos trópicos fecha as cortinas da luz anunciando o crepúsculo de mais um dia. Porém, numa certa data chega o progresso naquelas paragens, grande produtora de grãos e chega em forma de estradas. Os engenheiros ao projetarem a autopista, locaram o eixo bem em cima da pedra e quando as máquinas potentes a tombaram para um dos lados da rodovia em construção, descobriram debaixo dela um suntuoso e esplêndido tesouro, eram diamantes, brilhantes, ouro, prata, esmeraldas, que somavam fortuna de ímpar e incomparável avaliação. A moral da história: Esse humilde sertanejo viveu toda a sua existência em cima de um tesouro e não sabia e dizia ele, assim será com o nosso garboso litoral.
Agora, acertada e desesperadamente um Promotor de Justiça tenta de forma corajosa e destemida defender essas dádivas divinas e encontra pela frente proselitistas, facciosos, sectários dissimuladores e adulterinos da verdade, alguns empenhando as suas falas em troca de gordos contratos de publicidade pagos pelo erário pessoense, tentam atirar na lama o louvável esforço de defesa da natureza empreendido pelo Ministério Público, pobres homenzinhos de nada, vendidos por trinta dinheiros, como dizia Erasmo de Roterdã, na sua imorredoura obra “elogio à Loucura”.
E só pode ser alucinação, desatino, desvario, insensatez dizer que o Ministério Público se posiciona contra o povo, pois essas ignaras e abjetas figuras defensoras do poder, desconhecem que a prefeitura além de atirar milhões no esgoto da insensatez, pagando fortunas a artistas de fora, a prata da casa nunca é prestigiada, esquecendo-se que esse evento realmente danifica todo o restinho de vegetação que a prefeitura deveria preservar, pois ela funciona como proteção, impedindo que a areia vença a praia e vá se aglomerar nas pistas, no interior e tetos das casas construídas próximas, além de serem a responsável pela formação de pequenas dunas, sem falar na intolerável poluição sonora, mas os usufrutuários do sistema não estão preocupados com as filhas e os filhos do pobre, que na falta de clareza, se deslocam da periferia, para arriscarem suas vidas, quando deveriam ter a faculdade municipal, o hospital do bairro, os espaços públicos nos seus núcleos habitacionais.
Esse Ministério Público, ao contrário de pessoas que são pagas para destilarem insensatas apologias, hosanas e loas aos mandatários da hora, a todos eles, é sim o grande parceiro da nossa terra, ele sonha, idealiza e faz sem orçamento, o que esses plantonistas do Establishment do momento deviam fazer e de forma cavilosa, esse apologistas dos míopes mandatários não dizem que esse dinheiro também vai gerar a mais violência, mais pobreza, já que na falta de um projeto para fornecimento de serviços de primeira qualidade, dão aos nossos hipossuficientes shows, mas se esquecem da saúde, da educação, da qualidade de vida, da geração de emprego, de renda, coisas que com esse dinheiro todo daria para serem muito bem construídas, mas sem projeto, dão circo.
O mesmo Ministério Público que luta numa batalha desigual, Davi contra o Golias que ainda tem o apoio dos que utilizam microfones, televisão e todo tipo de mídia servindo de batedores, apoiadores, é o mesmo que todos os dias, em todas as cidades, seus integrantes dedicam suas vidas, suas funções na busca do fornecimento do medicamento de uso continuado, na defesa da sociedade contra criminosos, inclusive dos mais perigosos, dos que avançam contra o dinheiro das multidões desassistidas, dos portadores de doenças raras (lúpus, falciforme, HIV), das minorias tratadas com o mais tocante preconceito, dos que destroem o patrimônio público, na defesa das nossas crianças, adolescentes e idosos, enquanto os cegos pelo poder efêmero, ascendem sobre nossas praias, e com o dinheiro público, na psicótica vontade de aparecer, na falta de céfalo para planejar, destruindo o restinho do que a natureza nos contemplou. De forma que o Promotor de Justiça João Geraldo não deveria contar apenas com meu anêmico apoio, mas de toda a população esclarecida e que idealizam de coração uma Paraíba melhor, para que mais tarde e aí já tarde mesmo, não venham dizer que vivíamos sobre um tesouro e não sabíamos, pois os lunáticos políticos e ajoelhados asseclas, também já terão desaparecidos, deixando para nós a triste herança da falta de pensar o bem e o outro.

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