segunda-feira, 16 de junho de 2014


A morte é um ponto final ou é o início de uma longa jornada ao desconhecido?

Quem poderá responder?

Conseguirá um dia a humanidade libertar Deus das religiões e o homem de Deus?

Estava divagando quando a inscrição sobre a campa do túmulo me chamou a atenção. Refeito do susto tentei descobrir se havia alguma outra inscrição. Nada. Não havia mais nada escrito além da palavra NINGUÉM e a data “26 de 10bro.1886” . Como assim “ninguém”, pensei comigo... Quem seria esse “ninguém”, que jazia ali há mais de um século?

No cemitério da Paz, que fica na parte elevada da cidade de São Roque, não consegui nenhuma resposta. Pergunto aos passantes a quem pertence o túmulo, ninguém sabe informar. Vou conseguir a resposta dias depois. O NINGUÉM é ninguém mais ninguém menos que Antonio Joaquim da Rosa, o Barão de Piratininga. Era grande comerciante, senhor de terras e amigo de D. Pedro II que, em sua visita a São Paulo, resolveu desviar-se do caminho para pernoitar em sua casa em 26 de fevereiro de 1846.

O Barão de Piratininga(1821-1886) era um intelectual e autor de três livros: A Assassina, A Feiticeira, A Cruz de Cedro.

Apesar de possuir um busto de bronze na Praça da cidade, poucos o conhecem e absolutamente ninguém conseguiu explicar a razão do NINGUÉM em seu túmulo. Dizem que ele teria sido excomungado pela igreja em razão de seus livros. No entanto, não existe nenhum registro sobre a excomunhão, mas isso não tem a menor importância, já que numa cidade com 100 mil habitantes, o importante não é o fato, mas a versão.

O Barão jamais se casou, mas narra a lenda que teria homenageado a cidade com dezenas de filhos, produto de encontros amorosos com suas escravas. Se isso tem alguma importância, não sei, já que não deixou descendentes legais, diga-se. Mas o NINGUÉM continua ali, mais vivo do que nunca, mais de um século depois de sua viagem final.

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