domingo, 10 de agosto de 2014

A Pastoral Carcerária e a Parábola da Semente.
 
 
 
Nós, agentes de pastoral carcerária, não podemos nos esquecer da parábola da semente, contada por Jesus nos evangelhos sinóticos: Mateus, 13,1-21; Marcos 4,1-9; e Lucas 8,4-8. Ela nos ajuda a fundamentar e alimentar o nosso trabalho pastoral.
A parábola é anunciada por Jesus em um momento de rejeição da sua mensagem. Como sabemos: se de um lado havia o entusiasmo das pessoas, em relação a Jesus e sua mensagem, havia também o forte conflito que sua palavra e suas ações suscitavam, sobretudo, para escribas, fariseus e mestres da lei.
A ação pastoral, no estilo e no espírito de Jesus sempre suscitará conflitos. Ele nos assegurou com muita clareza que estava nos enviando como ovelhas para o meio de lobos. Nós, agentes de pastoral, já compreendemos que a presença da pastoral carcerária, muitas vezes, causa essa insatisfação e gera também, essa rejeição, não só dentro do sistema prisional, mas também, no seio da sociedade e da comunidade cristã ainda não esclarecida.
Na parábola, o semeador não escolhe o lugar para semear a semente. Chão duro, com pedras, com espinhos, terra boa. Ninguém pode estar privado dessa semente da palavra. Ela deve ser espalhada e anunciada por todos os lugares. Lugares de privação de liberdade, para muitas pessoas, não é lugar para a presença da igreja.
Em todos os ambientes serão encontrados todos os tipos de terreno. Nas prisões vamos encontrar também terreno bom e não bom, mas nas comunidades cristãs vamos encontrar também todos os tipos de terreno. Essa não é a questão.
A imagem do camponês que semeia é fantástica: ele nunca desiste. Na pastoral carcerária, pelo Brasil afora, temos também pessoas que nunca desistem. Homens e mulheres simples, humildes, que assumem essa missão. Às vezes se faz de tudo para afastar essa presença do semeador, mas, existe a perseverança da pastoral carcerária através de seus agentes.
Há quem diga: “vocês estão perdendo tempo com essas pessoas presas, que não querem nada; vocês ajudam e elas voltam para a prisão”. Como faz o semeador, não estamos procurando resultados. A preocupação do semeador não é colher, mas semear. Ele sabe de todos os obstáculos, mas, também sabe,  que a semente sempre vai encontrar uma terra para seguir o seu caminho e vai produzir frutos. Com essa mesma perspectiva, a pastoral carcaria também faz o seu trabalho no cárcere. A preocupação não é converter pessoas, contra a vontade delas, mas lhes anunciar o amor generoso de Deus para com elas de forma abundante, como faz o semeador, com a semente.
Para nós, agentes de pastoral carcerária, no Brasil e no mundo, nunca podemos nos cansar de semear. Por mais que os obstáculos estejam presentes, não podemos nos esquecer do nosso objetivo principal. Vamos semear através da nossa presença. Ninguém pode impedir o contato do semeador com a terra. Por outro lado, não somos apenas agentes de pastoral que semeiam, mas somos também terreno que precisa receber a semente. Também temos nossas resistências. Nossos corações também são duros, por causa dos espinhos e das pedras que muitas vezes deixamos que se acumulem.
Só semeia bem a palavra quem já se permitiu que a mesma fosse semeada em seu coração. Em nossas visitas vamos nos evangelizar mais do que evangelizar.
pebosco@gmail.com
 
Veja alguns textos:
http://apalavraecomoachuva.blogspot.com/

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