Cara e enganosa
POR RUBENS NÓBREGA
Dois anos e quatro meses depois de entronizado, o Ricardus I tem pouco ou quase nenhum feito em pedra-e-cal pra chamar de seu, realmente seu. Mas não se envergonha de sangrar o erário em mais de R$ 80 mil por dia com propaganda para faturar como suas obras que recebeu prontas, quase prontas, iniciadas, licitadas ou no mínimo com projetos aprovados e recursos garantidos por seus antecessores.
Perto de concluir com louvor um pós-doc em assunção da paternidade alheia, o nosso rei mal coroado já gastou quase R$ 60 milhões nos dois últimos anos para melhorar a sua imagem. Com isso, protagoniza a maior gastança publicitária da história da Paraíba para mascarar uma mediocridade sem limites e ao mesmo tempo tentar convencer o povo – o mesmo povo que banca toda essa orgia propagandística – de que estamos sendo governados por alguém competente e operoso.
Evidente que o governador campeão em gastos com propaganda torra essa fortuna em dinheiro público para alavancar, sobretudo, o seu projeto de reeleição, sua ambição e vaidade de passar mais quatro anos no poder para continuar fazendo o que no discurso prometia ser diferente e na prática se revelou apenas mais do mesmo ou pior de tudo o que já passou antes dele pela Granja Santana ou Palácio da Redenção.
Mas, não contente nem satisfeito com a sangria desatada no cofre do Estado, o Ricardus I resolveu não poupar também a inteligência do cidadão. Esta semana, comprou o horário mais nobre e mais caro da tevê para mostrar como favor ou concessão de um imperador magnânimo a promoção de quase mil soldados e sargentos da Polícia Militar e pouco mais de uma centena de policiais civis.
A propaganda é um engodo. A promoção é na verdade um direito dos policiais que com mais de seis meses de atraso finalmente foi atendido pelo governo, após inúmeros movimentos de pressão, de reivindicação e de cobrança promovidos por lideranças da tropa. Entre essas lideranças estaria o coronel Jarlon Cabral Fagundes, ex-coordenador geral do Estado Maior Estratégico da Polícia Militar.
No dia 16 de abril último, durante sessão especial na Assembleia para debater as promoções dos policiais e a perversa procrastinação do governo em implantá-las, o coronel Jarlon teria feito severas críticas à atitude protelatória do Ricardus I. Resultado: no dia seguinte, o homem foi exonerado do cargo e a sua exoneração, entendida por todos como evidente retaliação ao pronunciamento do oficial em favor dos comandados.
Ainda assim, sem pejo algum, sem se avexar um tico, poucos dias depois o governo começou a rodar a propaganda da promoção dos policiais. E o fez e faz de um jeito que induz a massa crédula e de boa fé pensar que a promoção é um presente, uma benesse, uma dádiva, um benefício do todo poderoso.
Mas a consciência ativa e proativa do povo paraibano logo reage e mais ligeiro ainda identifica a bilontragem em forma de propaganda bem feita, embora cara, muito cara, caríssima. Além de ridícula, porque ofensiva à inteligência dos governados que não são os idiotas desinformados que os gênios marketeiros de governo acreditam poder enganar facilmente.
Guiany não merece isso
Depois de mais de 20 anos lutando pela humanização e legalidade no tratamento que o Estado da Paraíba dispensa aos seus presidiários, a assistente social Guiany Campos Coutinho está sendo acusada de praticar o que sempre combateu.
Nos autos da sindicância do governo que nada encontrou de errado no Presídio Feminino Júlia Maranhão, da Capital, uma detenta diz que Guiany “... a mandou tomar cuidado porque estava sabendo que a testemunha estava recebendo privilégios e regalias para não dizer o que aconteceu no dia da morte de Adriana”.
Adriana vem a ser Adriana Paiva Rodrigues, presa que teria se suicidado por não mais suportar torturas a que seria frequentemente submetida naquele presídio. A morte de Adriana e as reiteradas denúncias de tortura foram objeto da sindicância governamental que concluiu pela improcedência das acusações, muitas delas acolhidas por entidades e órgãos do governo federal que atuam na proteção dos direitos humanos.
Guiany não foi ouvida pela comissão do governo. Não teve como se defender da acusação de que não apenas constrangeu como se apropriou de carta da pretensa suicida que poderia esclarecer a morte de Adriana. Por essas e outras, a assistente social resolveu colocar o governador a par da tentativa de incriminá-la e de desqualificar as denúncias sobre atrocidades no presídio feminino, nos termos que transcrevo a seguir.
O que ela escreveu a RC
“Senhor Governador, encaminho documentos em que constam muitos desmandos na Penitenciária Maria Julia Maranhão. Tivemos notícias pela imprensa local que a Sindicância que apurou denuncias da advogada Laura Berquó, representante da OAB no Conselho Estadual de Direitos Humanos, foi encerrada e de que nada consta contra a diretora daquela Unidade, a Cinthya Almeida. Por muitas vezes, em visita àquela penitenciária ouvimos e vimos marcas de espancamento e de maus tratos no corpo das presas. Por fim, estou até sendo vítima de uma armação para me incriminar. Veja, se tiver interesse, cópia dos relatos que estão anexos (do Conselho Nacional de Política Penitenciária, órgão do Ministério da Justiça, e do Conselho Estadual de Direitos Humanos) e uma denúncia da Pastoral Nacional Carcerária. Espero que o seu senso de justiça seja bem superior às suas ‘amizades’ e relações partidárias”.
Perto de concluir com louvor um pós-doc em assunção da paternidade alheia, o nosso rei mal coroado já gastou quase R$ 60 milhões nos dois últimos anos para melhorar a sua imagem. Com isso, protagoniza a maior gastança publicitária da história da Paraíba para mascarar uma mediocridade sem limites e ao mesmo tempo tentar convencer o povo – o mesmo povo que banca toda essa orgia propagandística – de que estamos sendo governados por alguém competente e operoso.
Evidente que o governador campeão em gastos com propaganda torra essa fortuna em dinheiro público para alavancar, sobretudo, o seu projeto de reeleição, sua ambição e vaidade de passar mais quatro anos no poder para continuar fazendo o que no discurso prometia ser diferente e na prática se revelou apenas mais do mesmo ou pior de tudo o que já passou antes dele pela Granja Santana ou Palácio da Redenção.
Mas, não contente nem satisfeito com a sangria desatada no cofre do Estado, o Ricardus I resolveu não poupar também a inteligência do cidadão. Esta semana, comprou o horário mais nobre e mais caro da tevê para mostrar como favor ou concessão de um imperador magnânimo a promoção de quase mil soldados e sargentos da Polícia Militar e pouco mais de uma centena de policiais civis.
A propaganda é um engodo. A promoção é na verdade um direito dos policiais que com mais de seis meses de atraso finalmente foi atendido pelo governo, após inúmeros movimentos de pressão, de reivindicação e de cobrança promovidos por lideranças da tropa. Entre essas lideranças estaria o coronel Jarlon Cabral Fagundes, ex-coordenador geral do Estado Maior Estratégico da Polícia Militar.
No dia 16 de abril último, durante sessão especial na Assembleia para debater as promoções dos policiais e a perversa procrastinação do governo em implantá-las, o coronel Jarlon teria feito severas críticas à atitude protelatória do Ricardus I. Resultado: no dia seguinte, o homem foi exonerado do cargo e a sua exoneração, entendida por todos como evidente retaliação ao pronunciamento do oficial em favor dos comandados.
Ainda assim, sem pejo algum, sem se avexar um tico, poucos dias depois o governo começou a rodar a propaganda da promoção dos policiais. E o fez e faz de um jeito que induz a massa crédula e de boa fé pensar que a promoção é um presente, uma benesse, uma dádiva, um benefício do todo poderoso.
Mas a consciência ativa e proativa do povo paraibano logo reage e mais ligeiro ainda identifica a bilontragem em forma de propaganda bem feita, embora cara, muito cara, caríssima. Além de ridícula, porque ofensiva à inteligência dos governados que não são os idiotas desinformados que os gênios marketeiros de governo acreditam poder enganar facilmente.
Guiany não merece isso
Depois de mais de 20 anos lutando pela humanização e legalidade no tratamento que o Estado da Paraíba dispensa aos seus presidiários, a assistente social Guiany Campos Coutinho está sendo acusada de praticar o que sempre combateu.
Nos autos da sindicância do governo que nada encontrou de errado no Presídio Feminino Júlia Maranhão, da Capital, uma detenta diz que Guiany “... a mandou tomar cuidado porque estava sabendo que a testemunha estava recebendo privilégios e regalias para não dizer o que aconteceu no dia da morte de Adriana”.
Adriana vem a ser Adriana Paiva Rodrigues, presa que teria se suicidado por não mais suportar torturas a que seria frequentemente submetida naquele presídio. A morte de Adriana e as reiteradas denúncias de tortura foram objeto da sindicância governamental que concluiu pela improcedência das acusações, muitas delas acolhidas por entidades e órgãos do governo federal que atuam na proteção dos direitos humanos.
Guiany não foi ouvida pela comissão do governo. Não teve como se defender da acusação de que não apenas constrangeu como se apropriou de carta da pretensa suicida que poderia esclarecer a morte de Adriana. Por essas e outras, a assistente social resolveu colocar o governador a par da tentativa de incriminá-la e de desqualificar as denúncias sobre atrocidades no presídio feminino, nos termos que transcrevo a seguir.
O que ela escreveu a RC
“Senhor Governador, encaminho documentos em que constam muitos desmandos na Penitenciária Maria Julia Maranhão. Tivemos notícias pela imprensa local que a Sindicância que apurou denuncias da advogada Laura Berquó, representante da OAB no Conselho Estadual de Direitos Humanos, foi encerrada e de que nada consta contra a diretora daquela Unidade, a Cinthya Almeida. Por muitas vezes, em visita àquela penitenciária ouvimos e vimos marcas de espancamento e de maus tratos no corpo das presas. Por fim, estou até sendo vítima de uma armação para me incriminar. Veja, se tiver interesse, cópia dos relatos que estão anexos (do Conselho Nacional de Política Penitenciária, órgão do Ministério da Justiça, e do Conselho Estadual de Direitos Humanos) e uma denúncia da Pastoral Nacional Carcerária. Espero que o seu senso de justiça seja bem superior às suas ‘amizades’ e relações partidárias”.
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