sábado, 13 de outubro de 2012


 A CIVILIAN OVERSIGTH NÃO É MOUCA
   
              “O Sr. Tancredo de Almeida Neves, havia acabado de ser eleito Governador do Estado de Minas Gerais. Um amigo o cumprimentava, pois ele havia sido muito bem votado: “Parabéns, agora o senhor tem legalidade e legitimidade para exercer esse cargo”, Tancredo virou-se e disse: “Eu tenho é que ter muito cuidado, pois o cabo que tem a arma e que está lá no interior, bem longe, pode ter mais poder do que eu”. (Jônathas Silva, Secretário de Segurança Pública do Estado de Goiás, em entrevista ao Diário da Manhã de Goiânia, em 24/10 2004).
                                   Tancredo deve ter lido ou escutado a tirada do seu conterrâneo Pedro Aleixo, o qual se dirigiu ao Presidente Costa e Silva, de quem era vice da seguinte forma: “Presidente, o problema de uma lei assim não é o senhor, nem os que com o senhor governam o País. O problema é o guarda da esquina”. (Pedro Aleixo, Vice-Presidente de Costa e Silva, ao comentar o AI-5 em dezembro de 1968, citado por Sebastião Nery, na Tribuna da Imprensa, junho de 2005).
                                   E agora senhoras e senhores, uma mineira, sábia como os dois ilustres brasileiros acima, a qual para sobreviver à violência de maus policiais elegeu a Paraíba como mãe, assim como eu, verbera em rede nacional, com notícia veiculada por um dos maiores órgãos de Comunicação do Brasil, no caso a Folha de São Paulo, que um dos problemas da Segurança Pública da Paraíba, é sim, aquilo que Tancredo temia e que Pedro Aleixo apontava, sempre em esferas dos mais altos níveis.
                                   Valdênia Lanfranchi, a nossa CIVILIAN OVERSIGHT (ouvidora de polícia), sabe e conhece muito bem, que criminalidade não se baixa no cano do revólver, mas com políticas de recursos humanos e avaliação de desempenho adequadas, infra-estrutura, material, policiais bem formados e bem pagos (não só coronéis, mas toda a tropa), visando trabalhar informações e definir metas e estratégias de atuação eficientes e que mortes e tortura por parte da polícia, são na sua maioria execuções sumárias disfarçadas e violência em excesso são sinais de baixa competência em lidar com o crime, de desprezo pela lei e de frouxidão hierárquica, e é de indagar: Para que o governo paraibano entenda isto, será necessário ressuscitar Pedro e Tancredo ou incorporá-los em sessões onde estejam presentes quem deveria saber ouvir e pensar como eles?
                                   A resposta fornecida pelo governo já era a esperada, pois um titular de poder executivo estadual que opta por dirigentes despossuídos de quaisquer projetos de segurança pública, por gerentes do Sistema Penitenciário que nãos sabem sequer o significado do termo ressocialização, mas conhecem à fundo a violação aos direitos humanos (chapões) e a famigerada militarização dos presídios, só poderia mesmo querer desqualificar a nossa honrada, destemida e retilínea conselheira, que não falou irresponsavelmente não, ela tem dados, documentos, provas..
                                   Nobre CIVILIAN OVERSIGHT, fala besteira quem não sabe ouvir como você e seus nobres políticos mineiros, fala bobagem, quem se encontra encantado não pelo canto da sereia, mas pela batida dos coturnos, que ritmados, solfejam a decadência e até a surdez de quem deveria ouvir, fala desorientado quem gosta de continência, de sim-senhor, de meia-volta, fala sem sentido quem não manda apurar os crimes perpetrados por bandidos que ostentam a farda da nossa polícia e por isto a mancha, a enodoa com a pecha da “bandidagem oficial”, e o pior, além de surdo, quem tenta lhe desqualificar, ficará cego com seus gases de pimenta, e inerte com os disparos de armas de choque, que hoje atingem os invisíveis, mas que invisivelmente leva por água abaixo um sonho que foi de todos os paraibanos, o do choque nas estruturas que não veio e não virá mais, infelizmente.  


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