Esse absurdo tem que parar
Por alguns segundos, recentemente cheguei a acreditar que o Ricardus I havia esgotado o estoque de maldades, absurdos e abusos que um governo autoritário, arrogante e perseguidor é capaz de cometer.
Quanta ingenuidade a minha! A prisão arbitrária de membros do Conselho de Direitos Humanos da Paraíba, anteontem à noite no presídio chamado de PB1, em João Pessoa, mostrou o quanto sou tolo e crédulo.
Como pude pensar que havia sido restaurado o império da lei, que o Estado sob jugo ricardista voltara a respeitar tanto as instituições como as pessoas e os direitos mais comezinhos das pessoas, em especial as comuns e mortais?
Ledo engano! Os agentes públicos que exercem cargos de confiança do círculo íntimo da Corte devem se sentir fortes e autorizados o suficiente para transgredir as normas e agredir quem por dever e convicção sai em defesa dos mais fracos. Mas não pensem que se contentam em agredir tão somente os presos sob sua guarda e cautela.
Agridem também a inteligência alheia quando tentam justificar ato do mais puro arbítrio e da mais absoluta covardia com a tese risível de que os conselheiros foram presos porque usaram ilegalmente máquina fotográfica dentro do presídio.
Ridículo! Se um conselheiro ou uma conselheira entregou a máquina a algum preso para fotografar o interior de alguma cela é porque fisicamente, mecanicamente, estupidamente, foi impedido de entrar para bater a foto que mostra o quão degradante e desumanizante se encontra o sistema penitenciário paraibano.
Depois dessa, fico a pensar se mesmo depois dessa os outros poderes – aqueles que parecem mais consentidos do que constituídos – vão se manter omissos, lenientes, condescendentes ou coniventes com tantos desmandos.
A sorte do que resta de cidadania e massa crítica não cooptada na Paraíba é saber que aqui ainda pulsa e resiste um Ministério Público Federal atuante em nosso Estado.
Tanto que vibrei, ontem, ao saber que o procurador da República Duciran Farena deve acionar a Polícia Federal para apurar essa inacreditável violação. Não vai ficar barato, aposto.
A intervenção da PF será legalmente possível e necessária porque os violadores não sabiam que estavam detendo e detiveram, entre outros conselheiros, uma defensora pública da União.
Voltarei ao assunto, inclusive para reproduzir excertos de texto memorável do promotor de Justiça Marinho Mendes e de outros sobre o deplorável episódio, todos movidos pela mais justa indignação.
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